sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Cinéfilo

Não dá pra levar nada a série.


Faroberto

Cego

Eu não me vendo por nada.


Faroberto

Bom Negócio

O maneta e o perneta trocaram os pés pelas mãos.


Faroberto

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Alfândega

Quanto mais se vive mais se apreende.

Faroberto

Enquanto Não Tem Churras

CHURRASQUEIROS DA TURMA BRABA


Carlos Barbosa
Churrasqueiro profissional. Fez estágio com Jairo, pós-graduação com Gaúcho e doutorado com o saudoso Bassi. Especialista em carnes diferenciadas e cortes ousados. Enólogo experiente harmoniza carnes, acepipes e vinhos de forma mestral. Uiva. Declamador e locutor oficial dos eventos. Finalmente conta com portentosa churrasqueira particular dotada de moderna estrutura de apoio. Bom de garfo.

André Aguirra
Churrasqueiro formado nos açougues da Mooca. Degustador de carnes com especialização em todos os tipos, desde bolovos e bois até pacas, cobras e lagartos. Ativista contra a caça de focas, baleias e pinguins. Detesta touradas, pois prefere pegar o touro a unha. A construção da sua churrasqueira tem apoio do BNDS, BB, CEF e Tesouro Americano. Foi dono de boteco. Bom de garfo e faca.

Fábio Roberto
Churrasqueiro amador autodidata. Ganhou sua primeira churrasqueira aos 15 anos. Anfitrião dos saraus e inventor do churras brabo na década de 80, o que gerou a Turma Braba. Tem larga experiência em temperos salgados. Trocadilhista que conta com legião de fãs lideradas por Luciana Catarina. Paparazzi respeitado e temido por suas famosas legendas e ângulos indiscretos. Assessorado pelo Baden. Bom de copos e taças.

Marili e Gabi
Só costumavam fritar bife na frigideira e ainda não sabem acender o carvão, mas têm muita vontade de aprender. Ávidas pelo posto de churrasqueiras e precisando praticar, requisitaram estágio com Jairo, mas têm que passar no vestibular. Uma é a declamadora oficial dos eventos e a outra participa cantando e tocando violão, principalmente agora que contratou seu roadie particular, o Will.  Boas lavadoras de pratos, espetos, grelhas...

Leandro e Sarah
Vegetarianos convictos. São adeptos de churras com cebolas, milhos, tomates, pimentões, batatas, queijos, pães e saladas. Ele garante trocadilhos, poesias e músicas das melhores qualidades. Ela garante degustar todos os vinhos e caipirinhas além de tortas de palmito. Apesar de vegetarianos convivem pacificamente com carnívoros. Em processo de adaptação no novo habitat comum, logo promoverão eventos.  Bons de cama.

Márcia Salomon
Expert em culinária: massas, tortas, carnes, peixes. É experiente em churrasqueiras, bem como fornos e fogões a lenha. Economiza muito carvão, pois serve e degusta a carne selada, praticamente crua, nem se importando se o boi mugir. Também garante excelente música e conta com muitos fãs virtuais e reais. Adepta da vida natural, sua churrasqueira é na Casa do Mato rodeada de Bugios e Micos. Boa de papo.

Celi Hirashima
Especialista em iguarias japonesas e fondues, mas sabe utilizar panelas elétricas com ênfase para o preparo de peixes. Também é contra a caça a focas, inclusive tem uma de estimação em casa. Experiente em assar picanhas e pizzas no George Foreman Grill. Está gerando Helena, que ao nascer deve proporcionar inauguração da esperada churrasqueira da Moóca. Boa fisioterapeuta (o que sempre pode ser necessário após eventos).

Enrique
Não queria nem saber quem espichou o pescoço da girafa. Subitamente, após 220 churras da turma, foi contagiado pelo vírus "Habemus Carvonis" e despertou, adquirindo mini-churrasqueira e promovendo confraternizações. Faz mais fumaça com o cachimbo do que com a churrasqueira. Como é novato conta com assistente ainda mais novato mas que tenta mandar nele. Bons catadores de latas de cervejas.

 Rosana Cortez
Não faz churrasco, prefere petit gateau, petit comité, petit pizzá, mas preserva apetit colocando a mão na massa. Quando Cortez é quem libera o Churras do Jairo, momento em que se delicia com a famosa linguiça do Fábio. Coloca ovnis para decorar os eventos e agora conta com um forte e imbatível parceiro para degustação de "qualquer coisa" que possa ser ingerida e digerida, o Simão! Boa moça.

Renato e Luciana
Ele é Chef conceituado e famoso: massas, pães, doces, comidas japonesa e francesa.  Entretanto suas iguarias são somente apreciadas pela internet, pois degustá-las é lenda. Conta com churrasqueira em amplo espaço dotado de salões e jardins para grandes festas. Bom de bico e bombocado. Ela não tem tempo para fazer churras. Aliás, pra quase nada. Ou está ensaiando arte ou correndo atrás das artes de Cecília e Alice. Se fizer churrasco certamente a carne será muito bem passada. Boa ação.

Edu e Carol
Ainda passam por processo de adaptação à Turma Braba, pois só comparecem quando o tchitchitio deixa. Incógnitas como churrasqueiros, mas ele apresenta qualidades para buscar e servir as cervas, enquanto ela demonstra muitas qualidades para evitar lavagem de copos e taças. Quebra todos antes. Devem estar escondendo o jogo e certamente surpreenderão a turma em algum churras próximo. Boas surpresas.

Jairo Araujo
Imbatível. Era considerado churrasqueiro oficial vitalício mas tem abandonado o posto sem se preocupar com o estado famélico da Turma Braba. Sofre de incurável TPC-Tensão Pre-Churras, entretanto sofre muito mais de TESC-Tensão de Eventos Sem Churras. Gosta de churrasqueiras com profundidade devido ao descomunal nariz. Em todo evento é certo que vai chorar, seja de emoção ou de raiva, pois sempre sofre bullying. Boa praça, principalmente quando pilota a churrasqueira.


Faroberto

Apatia

No muro punha-se 'abaixo a ditadura'
E a ditadura punha abaixo o muro.
Era a unha arranhando a pele que, dura, trincava a unha.
Hoje nada se punha. Punho.




Diálogo surdo em ponta de faca

Que pretendes tu que eras você
Que eras tão você e agora és tu
Com essa voz anasalada, com
Essa voz de ranho e ranço, ganso?!
Que pretendes tu com esse vós
Que é a pessoa mais chata do plural
Que eu já conheci em toda minha
Enorme e dinâmica vida conjugal?!

Vá gozar com o palco dos outros
No meu tu não pisa, que se pisa
É como quem pisa esnoba, como
Quem pisa maltrata, pisa e pesa
Pisa em ovos, pisa em povos
Não como quem pisa leveza
Em tablado, templo, nuvem
E te esquivas com nojo da merda
A ótima e útil merda que deixo
Merda, aliás, que no teatro é sorte
No campo é adubo e no cu é tudo.

E te contorces com meu linguajar
Tu que eras você, ocê, cê, se muito
E me chamavas pelo nome, se tanto,
Então me assenhoro se te assenhoras,
Senhora, e te afasto, como exausto
Não com as mãos em que,
Outrora em concha,
Tu vinhas beber com sede imensa,
Mas com a minha indiferença.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Paródia

A FELICIDADE (Tom Jobim e Vinícius de Morais)
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim
Tristeza não tem fim
Tristeza não tem fim
Tristeza não tem fim
Tristeza não tem fim
Tristeza não tem fim
A FELICIDADE (Faroberto)

Pobreza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é uma bufunfa
Que o vento vai levando pelo ar
A gente deve
Porque a grana é breve
Preciso de dinheiro sem parar


A felicidade do pobre fenece
Até trepando muito em bacanal
A gente se estrepa o ano inteiro
Fim de semana enfadonho
Com a visita de uma tia
Que é uma pirada pistoleira
E vem na hora do rango, brincadeira!

Pobreza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é um pé com gota
Excessos do meu corpo, ai que dor
Fico uma pilha
O bus oscila
Lotado desse povo com fedor

A minha felicidade está viajando
Além de tudo estou sem namorada
Não durmo de noite
Vizinha roncando
Ronca toda a madrugada
O barulho é um terror
Acordo assim fodido todo dia
Cansado, sem dinheiro e sem amor

Pobreza não tem fim

Felicidade sim

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Helena

todas as cordas vibram Helena
a madeira do piano range Helena
cada pelo dos braços do músico agora pai se arrepia Helena
os braços mesmo mal disfarçam a intenção de não mais ser braço
ser colo, ser rede, ser cama, ser tudo menos braço
para Helena.

o piano, agora,
sua ambição é ser escravo, arca, baú, carruagem
dela
tudo menos piano.

no entanto o pai toca o piano, ansiosos.
de seu reino crescente e inexplorável Helena aprova.


domingo, 19 de janeiro de 2014

Excelsitude

Passados natal e ano novo os poetas estão de recesso, por excessos. Exceções feitas, claro, à poesia e ao amor, que são em suma a mesma coisíssima.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Bruna

Arredia
Feito meus olhos recebendo a luz do dia
Quando chega gente, rabugenta
Quando chega a dona, rabo venta
Feliz quando escuta barulhar o saquinho de bolacha
E também se o prato cheio acha
Quando tem rojão, trovão ou sarau desaparece
Mas ao passear até se esquece
Detesta banho, mas adora o carinho do pós-banho
É tão pequena e o coração tamanho
Poucos te entendem, igual é comigo
Esses só sabem apreciar o próprio umbigo
Não importa. Só queremos o amor de poucos.
A gente uiva pra lua, somos loucos!


Fábio Roberto

ps.: quando fiz o poema do Baden ficou faltando o da Bruna. Pronto!

poema para Vó Lourdes

à sombra dos teus olhos
descansa tua beleza
se o sol te enruga a pele
tua sombra é de esperteza

à sombra dos teus relógios
parados, repousam lembranças
se o tempo te ofusca a memória
deita à sombra das crianças

uma só lágrima tua me leva  
todo como a correnteza 
para perto de teu sorriso
onde me deixo, sem tristeza

se no ritmar do teu pulso
confundi meus batimentos
já não sei mais quais são teus
e quais são meus sentimentos.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

domingo, 5 de janeiro de 2014

Sons (poema intrauterino)

feito um fute chuto mas em lugar de gol gritam ai
é a mãe que xinga e discute — diz cuticuti o pai
quase escuto a narração mas aqui é muito mute 
ouço o que ouso ou só o que o osso retransmite

às vezes uma substância me acalma ou ludibria
mas tudo é distância se ainda não é teu colo
você dorme um silêncio enorme sem passos
mas o pai ronca uma britadeira furando o solo

som é tudo o que soma e some — e somos
antes de visão ou sapiens, sons = filhos
mas não há sermos (os que, se nascermos, pressupomos)
maior que os de olhos mapaternos brilhos

mapa, sim, já que tão bem nos oriente
e ternos porque, ora! nos é devida a ternura 
de vida, aliás, vão nos inflando... que loucura...
quem diz não ter pedido o nascer... mente...


(para Celi e André)

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Adendo

Que tem cu tem medo (que acabe o papel) e treme.

Êxtase

Hoje pensei tanto na minha Morte que a estou beijando nos lábios molhados, carnudos e gelados.
A minha língua invade agressivamente a sua boca e o meu calor prevalece sobre o seu hálito devastador e petrificante. Que delícia sentir a sua salgada saliva misturar-se com a minha.
Que sabor austero e enfeitiçador tem a Morte.
Ela almeja dominar-me com sua volúpia, sugando-me pra dentro dela com o desejo de me aprisionar.
E eu permito que o faça porque está tão agradável e acolhedor ela bebendo toda a minha vitalidade, a completa energia da minha vida ora profícua ora inválida.

Só que eu preciso e estou muito mais sedento de veneno do que a Morte.
Eu a abraço forte e a faço sufocar.
Ela e só ela pode compartilhar tamanho prazer ausente de ar, sobrevivendo através deste ósculo doentio e insano que nos leva além de qualquer êxtase já experimentado por vivo ou morto.

Então afasto levemente os meus lábios dos lábios da Morte, agora molhados, carnudos e ferventes.
Permanecemos assim por muito tempo, com os rostos colados, absorvendo a brisa aquentada que exalamos.
Não sei quanto tempo, talvez uma eternidade.
Ou eu estou morto ou a Morte está viva!

Não sei se quero descobrir.



Fábio Roberto
(2008 ou hoje)