terça-feira, 28 de junho de 2016

VELHICE

Envelhecer é esvaziar por dentro.
É o emagrecer da alma.
Raiz que se desprende da terra.
 O desespero da calma.
Uma saudade que berra.
Memória que não mais tem centro.

Envelhecer é o final da vela.
Um prato que ficou vazio.
Palavras que encerram livros.
É o leito seco de um rio.
O ocaso do deus Eros.
A tinta que borrou a tela.

Envelhecer é doença de infância.
Uma dor que não tem cura.
É passar muitas vontades.
A noite quieta e escura.
É não ter as vaidades.
A sirene de uma ambulância.

Envelhecer é apagar o farol.
Violão de corda quebrada.
O tremor da mão que acena.
Assistir a morte da amada.
E é saber que valeu à pena,
Viver cada nascer do sol.

E é saber que valeu à pena,
Viver cada nascer do sol.


Fábio Roberto